TÉCNICAS E NORMAS BÁSICAS DE SEGURANÇA PARA PERCURSOS NÃO SINALIZADOS

Felizmente temos assistido a um crescendo de actividades de montanha desenvolvidas preferencialmente ao fim de semana e um pouco por todo o país. Muitas dessas actividades são efectuadas por clubes, associações ou por pequenos grupos de amigos. Na divulgação do evento deverá ser facultada obrigatoriamente informação sobre o percurso. Relativamente a este, será aconselhado mencionar o número de quilómetros a percorrer, se os declives são ou não acentuados, o tempo previsto de duração, e a completar todas estas informações o grau de dificuldade: Baixo, Baixo/Médio, Médio, Médio/Elevado, Elevado ou Muito Elevado. Sugerimos que também se faça uma referência às condições atmosféricas. Deveremos igualmente dar algumas dicas sobre o equipamento mais adequado a utilizar para uma boa marcha. Como sabemos, temos Pequenas Rotas (PR) com distâncias até 30 Km e Grandes Rotas (GR) + de 30Km. Tratam-se de percursos devidamente marcados e com sinalização adequada. Estes percursos não obrigam à presença de um Guia. Assistimos também à realização de muitas actividades de montanha desenvolvidas em trilhos que não estão marcados. Esse tipo de actividade exige, para além de todas as recomendações utilizadas num trilho marcado, a necessidade de, pelo menos um Guia. A marcação com fita sinalizadora do caminho certo torna-se assim indispensável. Não existe legislação sobre este assunto, no entanto manda o bom senso e alguma experiência, que as fitas deverão ser colocadas pelo(s) Guia(S) sempre em locais bem visíveis, do lado direito e ao nível dos olhos. A fita depois de atada, deverá ficar com cerca de 50 cm. Quando se trata de uma mudança de direcção deverão ser colocadas pelo menos 2 fitas quase seguidas. Uma no local da viragem e outra 5 metros à frente. Em trilho murado, que não ofereça qualquer possibilidade do pedestrianista/montanheiro se perder, as fitas, mesmo assim, nunca deverão ser colocadas a uma distância superior a 200 metros. Nas zonas urbanas deverão ser colocadas na quantidade necessária de forma a não suscitar qualquer possibilidade de engano. Em campo aberto, as fitas deverão ficar de maneira a que se consiga, estando junto a uma, visualizar a seguinte. Obviamente que as condições atmosféricas serão um factor preponderante. Para além do guia, a organização da actividade deverá ter sempre um elemento que “fechará” a marcha. Este elemento da organização terá como responsabilidade não deixar que nenhum pedestrianista/montanheiro se atrase, sendo por conseguinte, sempre o último de todo o grupo. Terá ainda como tarefa o levantamento de todas as fitas que foram colocadas pelo(s) guia(s). Consoante o número de participantes, a organização deverá distribuir vários elementos ao longo do percurso. Todos eles deverão estar em contacto permanente, via rádio, uns com os outros. Sugerimos 1 elemento da organização por cada 15/20 participantes. À organização caberá igualmente a responsabilidade de fazer transportar ao longo do percurso uma ou várias caixas de 1º socorros (conforme o nº de participantes) Assim como proporcionar a todos o fácil e rápido acesso a números de emergência e/ou às entidades locais. As entidades organizadoras deverão fornecer igualmente a todos os intervenientes da actividade uma informação adequado do percurso, assim como zelar pela máxima segurança. Se forem incrementadas e cumpridas com bom senso, pela organização, as normas básicas de segurança, conseguimos que todos os participantes usufruam de um óptimo, salutar e bem passado dia. Pelo contrário, se não cumprirmos estas recomendações, arriscamos um dia, a ter uma actividade de montanha que ficará, tristemente marcada, na memória de todos.


Nota: Todas estas normas e técnicas são exclusivamente da minha autoria. Não consultei nenhum documento - porque simplesmente não existe. Foi baseado na experiência que tenho adquirido ao longo de anos, organizando eventos de montanha, alguns dos quais com 300 ou mais participantes ou caminhando em grupos mais restritos. Tendo passado por algumas situações bem complicadas, onde foram ignoradas pelos responsáveis da actividade, condutas e princípios básicos de segurança, levaram-me, de uma forma pedagógica, a deixar este documento. A Montanha dá-nos tudo, mas se não a respeitarmos, num ápice, tudo nos tira.

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